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SAMIRA, O PRÍNCIPE E A MÁSCARA DE CORUJA





Samira, a filha da bruxa da floresta, não tirava os olhos do espelho mágico pendurado na parede de seu quarto. Seu pensamento parecia vagar em algum lugar distante enquanto sua mãe dizia: “Desista, Samira, porque, todas as vezes que você me pedir para desfazer o encanto, a resposta será sempre a mesma: NÃO.”.

Samira daria tudo para ver o rosto de seu amado príncipe livre daquela máscara de coruja!... Por que ele disparou uma flecha em Corumira, a coruja de estimação de sua mãe?!... Felizmente ela não morreu, mas sua mãe ficou tão furiosa que pronunciou as palavras mágicas que condenariam o príncipe a usar aquela máscara de coruja até que uma jovem o beijasse.

Cansada de contemplar o sofrimento do príncipe em seu espelho mágico, certo dia, Samira tomou uma decisão: Mesmo que sua mãe nunca a perdoasse, ela fugiria e libertaria o príncipe. Usando seus poderes mágicos, ela desapareceu no ar e, minutos depois, reapareceu na estrada que conduzia ao castelo.  Logo, lá estava ela conversando com os guardas. A única pergunta que eles lhe fizeram foi: “Você deseja se casar com Sua Alteza mesmo sabendo que o rosto dele se assemelha ao rosto de uma coruja?”.

Ela respondeu afirmativamente, e eles trouxeram os papéis que formalizavam o casamento. Quando Samira encontrou-se com o príncipe, ele comentou: “Eu a conheço... Você é a filha da mulher que me reduziu a este estado!... Eu me apaixonei por você no momento em que a vi e atirei na coruja porque desejava impressioná-la. Se quase matei a pobre ave, não foi por maldade e sim por estupidez, porque a filha de uma bruxa não se deixaria impressionar tão facilmente. Por que veio?”.

Samira respondeu: “Porque também me apaixonei por você. O feitiço será quebrado no momento em que nos beijarmos.”. O príncipe afirmou: “Você tem pena de mim e gostaria de reparar o erro de sua mãe. Perdeu o seu tempo vindo até aqui, porque eu jamais me casaria com a filha da mulher que me reduziu a este estado. Vá embora ou eu mandarei prendê-la no calabouço. Você só sairá da prisão no dia em que resolver partir.”.

Samira não quis partir... Ela preferiu ir para a prisão. Os dias passavam lentamente, e ela cantava para afugentar a tristeza e a solidão. O príncipe, de seu quarto, ouvia o canto de Samira, e o seu coração desejava fugir de seu peito para viver ao lado dela. Ele a amava perdidamente e logo compreendeu a insensatez que fizera.

Não conseguindo mais suportar a saudade, o príncipe foi visitá-la no calabouço. Ele disse: “Esta é sua última oportunidade: se não partir agora, ficará presa para sempre.”. Samira, contemplando a máscara de coruja que o príncipe ainda usava, mergulhou em seus olhos antes de dizer: “Esta prisão será o meu lar enquanto eu viver.”.

Retribuindo o olhar apaixonado que Samira lhe enviara, o príncipe disse: “Este castelo será o seu lar, porque você é a minha rainha. Consegue me perdoar?!...”. Ela sorriu, e ele a beijou. Quando os dois deixaram o calabouço, o jovem príncipe já havia se libertado da horrenda máscara de coruja.








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