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HUMANOS EXISTEM






Juliana, uma fada que gostava muito de dar asas à sua imaginação, certo dia perguntou a sua mãe: “Humanos existem?”. Sua mãe respondeu: “Não, Filhinha... Felizmente, eles não existem. Se eles existissem, toda a beleza que há no nosso mundo já teria desaparecido.”.

Pensativa, Juliana comentou: “Eu li várias histórias sobre os humanos. Naturalmente eles não poderiam viver no nosso mundo... Mas é bem provável que eles existam em outra dimensão.   Na semana passada, eu estava distraída contemplando as flores e, de repente, ouvi uma voz estranha. Eu voei na direção da voz para descobrir de quem era e vi uma pessoa sentada à margem do lago. Não adianta, Mãezinha, você dizer que eu não vi aquele rapaz, porque eu tenho a certeza de que o vi... E também ouvi sua voz melodiosa. Ele cantava uma canção de amor. Ele também me viu e continuou cantando... Eu senti que ele receava que eu desaparecesse no instante em que ele parasse de cantar.  A dimensão dos humanos existe, e ela entrou em contato com a nossa por alguns minutos. O lago e a paisagem ao redor, embora fossem os mesmos, pareciam desbotados. As cores do nosso mundo têm mais vida e brilho. Talvez seja por esse motivo que a realidade dos humanos seja tão sombria. Se pudéssemos visitá-los e levar mais beleza àquele mundo!...”.

Zangada, a mãe de Juliana advertiu: “Nem pense nisso, Juliana!... Esqueça essas histórias que nada têm a ver com a realidade e só servem para encher as cabecinhas vazias, como a sua, de fantasia!... Você não viu aquele rapaz... Você dormiu e sonhou!... Depois acordou, continuou pensando no sonho e confundiu a fantasia com a realidade!... Você se casará um dia, mas será com a fada ou o elfo que o seu pai escolher.”.

Juliana murmurou tristemente: “Eu disse, Mãe, que vi um humano... Eu não disse que havia me apaixonado e que desejava me casar com ele.”. A mãe de Juliana preferiu calar-se a prolongar o assunto.

Na semana seguinte, o pai de Juliana surpreendeu a esposa chorando, e ficou muito triste quando ela revelou: “Juliana partiu. A dimensão dos humanos abriu-se para ela, e nós nunca mais conseguiremos vê-la.”. Para suavizar a dor da esposa, ele disse: “Talvez, um dia, aquela realidade também se descortine para nós, e possamos contemplar a felicidade de Juliana.”.  



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