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EUGÊNIO E VELÂNIO


A alegria de Eugênio era tão contagiante que iluminava o coração de todos que se aproximavam dele. Mas essa mesma alegria adormeceu no dia em que Velânio procurou-o para dizer: “Você é um inútil!... O que uma fada sem asas e sem nenhum propósito na vida faz aqui, nesta floresta encantada?!... Desocupados deveriam habitar apenas o vale escuro.”.

As palavras de Velânio ficaram assombrando a mente e o coração de Eugênio. Pensativo, ele sentou à sombra de um cogumelo e desejou adormecer e transformar-se em pedra para que as outras fadas se esquecessem dele e nunca pensassem em enviá-lo para o vale escuro.




Com o passar do tempo, a tristeza de Eugênio tornou-se tão sombria que conseguiu apagar também a alegria que havia no coração das outras fadas. Disposto a tentar reparar o seu erro, Velânio estendeu a mão enquanto dizia: “Eu sou superior a Eugênio. A minha luz certamente poderá suprir a ausência da luz dele.”.




Velânio concentrou-se e conseguiu duplicar a quantidade e a intensidade de luz que costumava emitir. Apesar disso, não houve nenhuma melhora na atmosfera da floresta. Procurando vencer a decepção e o orgulho, Velânio, em vez de voar, preferiu caminhar até o cogumelo que passara a servir de abrigo para Eugênio.

Velânio sentiu-se duplamente decepcionado quando chegou ao cogumelo e não encontrou Eugênio. Cansado de tanto caminhar, ele sentou à sombra do cogumelo e sentiu-se envergonhado por ter causado todo aquele embaraço ao seu amigo e a si mesmo. Pela primeira vez em toda a sua existência, Velânio sentiu-se triste e deprimido... Lágrimas de arrependimento rolavam sobre o seu rosto... Ele se sentia preso em um labirinto estreito e escuro que ia dilapidando toda a sua arrogância. Ele desejou transformar-se em pedra e certamente teria conseguido atingir seu objetivo se Eugênio não tivesse aparecido para iluminá-lo com seu sorriso cativante.

Velânio recuperou o ânimo e levantou-se para abraçar Eugênio enquanto o ouvia dizer em tom de gracejo: “Precisamos começar a regar as pedras, porque elas também sentem sede!... Digo isso por experiência própria!... A sede foi minha fiel companheira durante o tempo em que fiquei transformado em pedra!... Quando voltei à vida, precisei correr até o lago!... Eu quase o esvaziei!...”.




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