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O Castelo Cego e Mudo


As janelas são os olhos da casa, 
E a porta é sua boca.
Uma casa sem porta e sem janelas
Não seria um lar e sim uma prisão.
O castelo onde o ogro
Escondeu a princesinha
Era assim: cego e mudo.
Ninguém soube dizer
Por que ele a aprisionou.
Quem conseguiu encontrá-la
E quebrar o feitiço, que envolvia
O castelo sem porta e sem janelas,
Foi o nobre príncipe que, ao se deparar
Com a gigantesca fortaleza, exclamou:
“Castelo cego e mudo,
Você não conseguiu esconder
A minha princesa.
Sua porta e suas janelas,
O meu amor conseguirá derreter.”
E a rocha, nos lugares onde deveria
Haver porta e janelas, tornou-se
Mole como manteiga derretida;
E a princesa pôde avistar o seu príncipe,
E ele pôde resgatá-la; e os dois se casaram
E viveram felizes para sempre.
Sisi Marques

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Pés Grandes Estavam na Moda




Era uma vez uma jovem e bela princesa, que vivia se escondendo apenas porque receava que alguém pudesse notar os seus pés grandes.

Um dia, um jovem príncipe apaixonou-se por ela. Mas a princesa continuava insegura, temendo que ele reparasse em seus pés quando fosse tirá-la para dançar.

O príncipe, convencido de que a princesa não o amava, foi procurar o rei para dizer-lhe que pretendia afastar-se. O rei e pai da princesa, por sua vez, explicou-lhe o motivo que levava a princesa a evitá-lo.

Satisfeito ao descobrir que o problema era excesso de pés e não falta de amor, o príncipe sugeriu ao rei que declarasse que pés grandes estavam na moda.

O rei, que achou ótima a ideia do príncipe, começou a se perguntar por que ele mesmo ainda não havia pensado nisso.

A verdade é que nem bem uma semana se passara após o rei ter decretado que pés grandes estavam na moda, e todas as jovens e senhoras do reino já estavam calçando sapatos bem maiores do que os seus pés, e preenchendo as sobras com algodão.

A princesa afortunada, que já tinha os pés grandes, continuou calçando o mesmo número que costumava usar, e nunca mais voltou a se esconder com vergonha de seus pés.

Sisi Marques


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O Lamento do Príncipe Solitário

Ana Lúcia não se cansava de ir à praça, em frente à igreja, para admirar a imensa árvore que estava toda enfeitada à espera do Natal. Os olhos da jovem órfã brilhavam de admiração diante de tanta magia e beleza. Ninguém parecia notá-la. Certo dia, porém, ela foi alvo de risos, por parte das crianças, e de olhares austeros e reprovadores, por parte dos adultos, quando gritou na praça lotada de transeuntes: “Eu ouvi sinos, eu ouvi sinos tocando!” A partir desse dia, ninguém mais a viu. Diz a lenda que ela se tornou a princesa dos duendes, e vive até hoje na companhia de seu jovem e amado príncipe. Durante duzentos longos anos, os duendes tocaram os sinos perto das árvores de Natal, na esperança de que a princesa aparecesse. Mas nenhuma jovem parecia ouvi-los. Ana Lúcia, no entanto, era especial, e o seu coração amoroso e sensível pôde ouvir o lamento do príncipe solitário que os sininhos reverberavam.


Sisi Marques
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A Casinha no Interior da Floresta



Lucinha gostava muito de brincar na floresta. Seu passatempo favorito era correr atrás dos animaizinhos. Embora ela amasse todos eles e procurasse não fazer distinção, havia dois coelhinhos travessos que acabavam sempre ganhando mais carinho.

Certo dia, tentando provar que corria mais do que os seus dois amiguinhos, Lucinha acabou se distraindo e, de tanto dar voltas seguindo os coelhinhos, acabou entrando numa parte desconhecida da floresta.

De repente, Lucinha parou. Assustada, olhou para seus amiguinhos e perguntou: “Vocês sabem onde estamos?!... Precisamos voltar.” Mas os coelhinhos pareciam não compreender o que Lucinha dizia. Eles só desejavam continuar brincando.

Para Lucinha, entretanto, a brincadeira havia terminado. E os coelhinhos se entristeceram quando a menina começou a chorar. Mas o choro e a tristeza cessaram quando eles ouviram uma voz cantarolar: “Quem está triste, cansado e sozinho... Quem se perdeu na floresta e não sabe voltar... Pode entrar; aqui dentro é quentinho... Você encontrará o caminho quando o dia clarear.”

Já estava anoitecendo, e Lucinha e os coelhinhos se deixaram guiar pela voz que entoava a canção. Alegraram-se ao avistar uma casinha e, em seu interior, havia três camas quentinhas. E, ao lado de cada caminha, havia uma mesinha, com um copo de água, um copo de leite e um pedaço de torta sobre uma bandeja em formato de coração. Lucinha exclamou: “Eu devo estar sonhando!”

Sonho ou realidade, os três estavam famintos; e logo, sobre as bandejas, restaram apenas os copos vazios. As caminhas pareciam tão convidativas, e eles estavam cansados demais para se preocupar se pertenciam a alguém. E a mesma voz que os guiara até a casinha entoou uma canção de ninar: “Durma logo, menininha, que o seu sono estou a velar. Durma logo, menininha, que ficarei aqui até o dia clarear.”

Na manhã seguinte, quando Lucinha e os coelhinhos acordaram, a menina levantou, olhou ao redor, e perguntou: “Onde está a casinha?... Onde estão as caminhas?!... Onde estão as bandejas?!... Onde estão as mesinhas?!... Até os copos desapareceram!...”

As perguntas se calaram quando Lucinha ouviu a voz de seu pai, chamando o seu nome. Ela sorriu e foi saltando, imitando seus amiguinhos, até encontrá-lo.

Sisi Marques





PERCA-SE EM SUA IMAGINAÇÃO

Aqui estou eu, Caetano Augusto Petrarca dos Anjos, para conduzi-lo em uma viagem, na qual você se perde. Imagine um lugar onde você possa se perder. Por mais esperto que você seja, existe sempre um lugar desconhecido e misterioso que poderia atraí-lo irresistivelmente. Você caminha, caminha, caminha, e continua caminhando nesse gigantesco labirinto recém-descoberto em sua imaginação. Você dá voltas e mais voltas até que, inesperadamente, encontra a saída.

Você deve ter imaginado que esse seria o final da aventura, mas enganou-se porque é apenas o início. A abertura na rocha não o levou de volta ao seu mundo conhecido... Os seus olhos se decepcionam ao contemplar uma região estranha e deserta. Está anoitecendo, e você precisa encontrar um lugar para se abrigar.

Eu pude conduzi-lo apenas até aqui... Confie em sua imaginação e permita que ela lhe mostre caminhos e paisagens que você nunca pensou que pudessem existir. Não se apresse em voltar. Desfrute dos prazeres dessa aventura inesperada. Você é o artista e usa o seu pincel mágico para criar tudo, absolutamente tudo o que você desejar experienciar.

Já está de volta?!... Gostou do passeio?!... Agora precisamos retornar à história “A Casinha no Interior da Floresta”. Desenhe uma casinha numa folha de papel. Você não sabe desenhar?!... Muito menos eu!... Não serei eu quem irá julgar a sua falta de habilidade. Pare de reclamar, e termine logo o desenho.

Quando a casinha estiver pronta, desenhe árvores ao redor dela. Essas árvores são mágicas e deram vida à casinha: as janelas transformaram-se em olhos; e, no lugar da porta, surgiu uma boca enorme. Aproveite a oportunidade: faça três perguntas à casa sobre a história. Você não sabe o que perguntar!... Que cabecinha vazia!... Que falta de criatividade!...

* A primeira pergunta poderia ser: Você é real ou existiu apenas na imaginação de Lucinha?!...

* Segunda pergunta: Real ou imaginária, você poderia cantar para eu ouvir?!...

* Terceira pergunta: Você já protegeu outras crianças que se perderam no interior da floresta?!...

Você já fez as perguntas?!... A casinha respondeu?!... Ainda não?!... Então, dê um tempo a ela e à sua imaginação para formularem as respostas.


Sisi Marques



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O Príncipe e o Monstrinho




Era uma vez um príncipe que passava longas horas em seu laboratório instalado na torre do castelo, criando monstros. Como o rei não aprovava esse seu passatempo, e tudo fazia para que material algum chegasse em suas mãos, o príncipe via-se obrigado a criar e recriar sempre o mesmo monstro. Para isso, colocava-o a todo instante em sua engenhosa máquina cilíndrica de reciclagem de monstros.

O príncipe tanto reciclou o pobre monstrinho que acabou dotando-o de personalidade; e o monstrinho, reagindo, não quis mais submeter-se àquelas constantes transformações.

O príncipe teve que pensar em outra coisa que pudesse servir para suas experiências. E, assim, foi ao quarto de sua irmã e apanhou a boneca de pano maior que encontrou. O monstrinho começou a caçoar dele, dizendo que ele começara a brincar com bonecas.

Como o príncipe não fez caso de suas provocações, o monstrinho zangou-se; e, para
vingar-se do seu criador, empurrou-o para a máquina de reciclagem, onde já estava a boneca.

Felizmente quando o monstrinho, arrependido, abriu a porta da máquina de reciclagem, o príncipe estava bem. A boneca, contudo, havia desaparecido, e suas roupas tinham sido transferidas para o príncipe.

Sentindo-se ridículo naqueles trajes femininos, o príncipe, irritado, começou a correr atrás do monstrinho; e, para sua desgraça, o rei entrou no laboratório.

Constrangido, o príncipe tentou explicar; mas o rei, envergonhado, ordenou aos guardas que o trancafiassem até que aprendesse a se comportar como um príncipe.

Entretanto, o príncipe detestava a ociosidade, e conseguiu convencer os guardas a trazer-lhe material para que pudesse se ocupar. Quando o rei descobriu, mandou prender os guardas, e condenou-os à morte.

Sentindo-se responsável pela desventura dos leais servidores, o príncipe pediu para ser levado à presença do rei.

O rei o recebeu, e o príncipe disse:

– Não é justo que aqueles homens paguem por um crime que eu cometi. Se alguém tem que morrer, esse alguém sou eu. Depois de libertá-los, poderá fazer comigo o que quiser.

Orgulhoso pela coragem e nobreza de caráter que o príncipe revelara, o rei o perdoou, e perdoou também os guardas; mas o fez prometer que desativaria o seu laboratório.

O príncipe pediu ao rei que o deixasse fazer uma última reciclagem; e, assim, transformou o monstrinho em um papagaio. O rei gostou do esperto bichinho, e nunca mais se aborreceu com o príncipe.

F   I   M

Sisi Marques


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Doce Ventura de Tecer Sonhos

Bruxonilda (Personagem criada por Amanda Layouts para o Blog “Doce Ventura de Tecer Sonhos”).

A história “Doce Ventura de Tecer Sonhos” foi inspirada no desenho dessa bruxinha encantadora. Eu me apaixonei pela Bruxonilda desde o primeiro instante em que a vi.

Obrigada, Amanda Fonseca, por participar dessa doce ventura de tecer sonhos.

Sisi Marques




DOCE VENTURA DE TECER SONHOS

Na dimensão sombria, onde os sonhos nunca se realizam, existiu uma bruxinha que desejava que os seus sonhos pudessem se realizar. Ela passava o dia todo sonhando acordada... 
Imaginava-se passeando em um recanto mágico, onde a magia das outras bruxas não pudesse alcançá-la.

Certo dia, Bruxonilda fechou os olhos e desejou de todo o coração que aquele lugar mágico existisse. Decepcionou-se, porém, quando, ao abri-los, descobriu que ainda estava naquela mesma dimensão feia e sombria.

Bruxonilda era imortal; a passagem dos anos não a assustava. Ela escolheu permanecer com dezessete anos e, até hoje, essa é a idade que ela aparenta. Mas, voltando àquele momento em que Bruxonilda desejou ardentemente que houvesse um recanto onde ela pudesse tecer os seus sonhos de felicidade; ela suspirou tristemente, e continuou acalentando esse sonho por mais de vinte anos.

            Você deve estar se perguntando se Bruxonilda encontrou aquele recanto mágico... Felizmente, sim. Em um de seus passeios pela floresta, Bruxonilda avistou uma árvore que brilhava como se fosse uma estrela. Encantada com a formosura da árvore, Bruxonilda se aproximou, e descobriu que a árvore estava lhe revelando o portal que havia em seu tronco.

            Bruxonilda sorriu e ficou felicíssima ao pensar que, talvez, aquela fosse a passagem para a dimensão de luz, onde os sonhos se realizam!... Ela não hesitou. Com o coração transbordando de esperança, ela atravessou o portal e caminhou por uma estrada florida, em cujo término havia uma placa enorme que dizia: “Seja bem-vinda ao mundo mágico de ‘Doce Ventura de Tecer Sonhos’. Aqui todos os sonhos se realizam.”


 Sisi Marques
18/02/2014


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O gigante que gostava de ouvir histórias



Era uma vez um gigante
Que gostava de ouvir histórias.
E os homenzinhos do reino vizinho,
Temendo o gigante, inventavam,
Todos os dias, histórias e mais histórias...

E o gigante se divertia
Com as histórias
Que os homenzinhos
Passavam o dia inventando.

Entretanto, houve um dia
Em que os homenzinhos
Pareciam estar todos
De cabeça vazia.

Nada, nenhuma ideia surgia.
E o gigante esperava, se impacientava,
E o medo dos homenzinhos crescia.

Conduzido pelo temor,
Um dos homenzinhos começou
A contar uma história que todos,
Naquele reino, conheciam:

“Era uma vez um gigante
Que gostava de ouvir histórias.
E os homenzinhos do reino vizinho,
Temendo o gigante, inventavam,
Todos os dias, histórias e mais histórias...

E o gigante se divertia
Com as histórias
Que os homenzinhos
Passavam o dia inventando.

Entretanto, houve um dia
Em que os homenzinhos
Pareciam estar todos
De cabeça vazia.

Nada, nenhuma ideia surgia.
E o gigante esperava, se impacientava,
E o medo dos homenzinhos crescia.

Conduzido pelo temor,
Um dos homenzinhos começou
A contar uma história que todos,
Naquele reino, conheciam:”

Você ainda está aí,
Prestando atenção à história?!
Deseja ouvi-la novamente?!
Você parece aquele gigante
Que gostava de ouvir histórias.
E os homenzinhos do reino vizinho...

Sisi Marques




A FELICIDADE DO REINO ESTÁ EM SUAS MÃOS

O que você pensa que eu, Caetano Augusto Petrarca dos Anjos, vim fazer aqui?!... Se você imaginou que eu tivesse vindo buscar uma solução para o problema dos homenzinhos, enganou-se terrivelmente, porque esse conflito já foi resolvido de modo inteligente e pacífico. Eu ouvi dizer que, certo dia, um dos homenzinhos chamou o gigante e disse: “Se você deseja continuar ouvindo as histórias, terá que nos auxiliar na realização das tarefas. Desse modo, sobrará tempo para todos nós nos divertirmos”. O gigante, que adorava as histórias que os homenzinhos contavam, concordou em ajudá-los. O reino dos homenzinhos prosperou, e todos viveram felizes para sempre.

Você deve estar se perguntando: “Se o Caetano não veio para me falar sobre a história do gigante, por que ele ainda está aqui?!...” Espere só um minuto que eu já satisfarei a sua curiosidade... Existe um problema sim, mas é em outro reino... Um reino que está sendo ameaçado por um dragão que cospe enormes labaredas!... E o rei me enviou para ordenar que você quebre o feitiço. Você parece surpreso com o que eu disse, mas é a mais pura verdade: o rei descobriu que o dragão é um príncipe encantado. O feitiço só poderá ser desfeito se uma criança de coração puro ler, em voz alta, três histórias que tenham um final feliz.

Eu imagino o que você deve estar pensando: “O Caetano só pode estar mentindo, porque é impossível que, naquele reino, não existam crianças!... Todas elas têm o coração puro.”

Concordo plenamente: qualquer criança daquele reino poderia quebrar o encanto. Mas existe um pequeno detalhe: elas não sabem ler. É por esse motivo que o rei precisa de sua ajuda.

Quando você terminar de ler as histórias, o dragão voltará a ser um príncipe. Ele se apaixonará pela filha do rei, e todos, naquele reino, viverão felizes para sempre. Mas lembre-se: se você não ler as histórias, o dragão continuará sendo uma ameaça para os habitantes daquele reino. É você quem decide como essa história irá terminar.

Sisi Marques




Querido(a) Leitor(a),


Divirta-se com o caça-palavras abaixo:




 Grata,

Sisi Marques

Que os seus sonhos se realizem!!!
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As vinte e seis Rainhas

O planeta das vinte e seis rainhas ainda existe, mas hoje ele está muito diferente do que costumava ser. Houve uma época em que ele era habitado apenas pelas vinte e seis rainhas orgulhosas, que acreditavam não precisar umas das outras. Elas não se comunicavam e não compartilhavam nada entre si.  Cada reino permanecia isolado até o dia em que uma nave gigantesca pousou na superfície do planeta, trazendo um exército de seres jamais vistos pelas orgulhosas rainhas.

Embora o medo possa sempre assumir vários disfarces, medo é medo, e ele conseguiu vencer a altivez das rainhas. Humildemente elas se reuniram para encontrar um modo de evitar o confronto. Uma delas atreveu-se a dizer: “Estamos em desvantagem: somos apenas vinte e seis rainhas para lutar contra um numeroso exército. Jamais conseguiríamos derrotar os invasores... Eles saem, da nave, enfileirados. Quando imaginamos que não há mais ninguém, aparecem mais e mais daqueles seres estranhos e tão diferentes entre si.  É melhor nos rendermos, e pedir para que nos deixem ficar no meu reino. Se vocês jurarem lealdade a mim, prometo tratá-las com respeito e consideração.”

Após o discurso da rainha Letra A, as outras rainhas também se colocaram, e cada uma exigia que o seu reino fosse poupado; ninguém desejava perder sua situação de poder. Em meio às discussões, a rainha Letra Z aventurou-se a dizer: “O meu reino é muito grande, e eu me cansava muito ao percorrê-lo. Certo dia, desejei poder estar em vários lugares ao mesmo tempo, e descobri que eu possuía a habilidade de me multiplicar. Eu acredito que os invasores também tenham essa capacidade.”

Um vozerio tomou conta da sala de reuniões quando as rainhas de A a Y disseram à rainha Z que também sabiam como se projetar em vários lugares ao mesmo tempo. Mas todas se calaram no momento em que perceberam a presença dos dois intrusos que desejavam solicitar uma audiência. Era o ponto de interrogação acompanhado do ponto de exclamação.  Ao ver o temor estampado no rosto das soberanas, eles perguntaram surpresos: “Nossa presença lhes causa pavor?! Não pretendíamos assustá-las. O nosso planeta está se tornando muito pequeno para nós, e pensamos que, talvez, pudéssemos nos instalar em seu planeta. Estaremos sempre prontos para servi-las... Seremos seus leais seguidores.”

As rainhas de A a Z que já estavam começando a se afeiçoar umas às outras, concordaram entre si que era uma ideia agradável ter súditos para auxiliá-las na preservação do planeta texto. E foi assim que, a partir dessa reunião memorável, as rainhas e seus súditos começaram a se beneficiar do trabalho em equipe.

Sisi Marques


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Angelino, o Anjinho

 

Era véspera de Natal... Os anjinhos voavam alegremente, derramando bênçãos em todos os lares. Mas Angelino, que ainda era muito pequeno, começou a sentir-se sonolento e pensou que fosse desmaiar de cansaço. Apesar disso, ele era orgulhoso e não quis dizer para os outros anjinhos que eles estavam certos quando o aconselharam a não acompanhá-los, porque ele não conseguiria completar a viagem.

Angelino começou a voar de modo desajeitado... Seus olhinhos fechavam e abriam... Mas ele não pensou, nem por um segundo, em desistir... Ele continuou voando e cochilando, voando e cochilando até que uma visão encantadora atraiu sua atenção. Uma das casas, sobre as quais eles voavam, estava toda enfeitada à espera do Natal; e, no parapeito das janelas, havia botas de feltro, prontas para receber os presentes. Elas pareciam tão macias e quentinhas, e a noite estava tão fria!...

Angelino deteve-se no ar por alguns instantes, pensando na maravilha que seria repousar aconchegado em uma delas. Vencido pelo sono e pelo cansaço, após um breve momento de indecisão, ele voou em direção a uma delicada botinha cor-de-rosa e decidiu que seria ali mesmo que ele passaria a noite.

Pouco antes do amanhecer, os outros anjinhos, que retornavam da viagem, acordaram-no sorrindo. E Angelino, já refeito do cansaço, recusava-se a abandonar a caminha improvisada. Dois anjinhos mais velhos entreolharam-se e concordaram entre si que o único modo de convencer o amiguinho a partir seria transportando-o dentro da botinha. E, assim, os dois anjinhos seguraram cada um em uma extremidade da bota, que servira de abrigo para Angelino, e partiram na companhia dos demais.

Quando Mariangela acordou e foi procurar os presentes na botinha, que deixara no parapeito da janela de seu quarto, sentiu-se profundamente decepcionada ao verificar que ela havia sido roubada. Mas alegrou-se, em seguida, quando os seus olhinhos se depararam com uma pena brilhante que fora deixada no lugar da botinha. No instante em que Mariangela segurou a pena, inexplicavelmente, ela tomou conhecimento do que acontecera durante a noite. A garotinha sorriu ao imaginar Angelino dormindo em sua botinha lá no céu.

Vocês não acreditam nesta história?! Mas deveriam acreditar, porque eu sou Mariangela. Embora, naquela noite, a minha botinha não estivesse lá para receber os presentes que o Papai Noel costumava deixar, o maior presente eu já havia recebido: a visita de um anjo.

Sisi Marques


HOJE VOCÊ ESCREVERÁ A HISTÓRIA



É com muito prazer que eu, Caetano Augusto Petrarca dos Anjos, hoje estou aqui para estimular a sua criatividade. Apanhe uma folha de papel, lápis e borracha para começar a escrever. Você dirá: “Caetano, não sei criar histórias.” Bobagem! Você verá como é fácil.

A proposta é bem simples... Você terá que ler a história “Angelino, o Anjinho” com muita atenção, para que o texto se revele como se fosse um filme. Esse é o segredo: você tem que visualizar cada cena. É como se você estivesse lá, assistindo a tudo, silenciosamente.

Depois, dispense os anjinhos porque, dessa vez, eles não participarão da história. O título será: “O Natal de Mariangela”. Não gostou do título?!... Então, invente outro, mas lembre-se: nada de anjinhos. Será véspera de Natal, e as botas de feltro estarão no parapeito das janelas. Alguém poderá roubá-las, o vento poderá carregá-las, a chuva poderá molhá-las... Mas lembre-se: Angelino não estará lá para abrigar-se em uma delas, e os anjinhos também estarão bem longe desta história.

E, por último, concentre-se... Na sua mente começam a surgir perguntas que precisam ser respondidas com clareza. Você sorri e se diverte com a brincadeira. A tela está em branco... Você é o artista e poderá pintar o quadro que mais lhe agradar...

Consegue ver a casa de Mariangela? Você está voando e consegue vê-la do alto. Depois, você desce e caminha ao redor dela... Observe os detalhes... Agora entre na casa. Espere!... Antes de entrar, você contou quantas janelas havia?... O número de janelas é igual ao número de botas de feltro?... É você quem decide. Continue prestando atenção a tudo. Não use apenas a visão; use o tato, o olfato, a audição, e pode até usar o paladar, se houver alguns biscoitinhos com leite aguardando o Papai Noel.

Onde está Mariangela? Consegue vê-la? Como ela é? O que ela está vestindo? Ela está alegre ou triste? Consegue adivinhar os seus pensamentos? Ela deixou uma botinha na janela? O que ela espera ganhar de Natal? Ela mora sozinha?...

Do mesmo modo que as perguntas chegam à sua mente, as respostas também virão.

Foi uma viagem e tanto, não foi?!... Eu acredito que você já está pronto para começar a escrever a sua história. Ainda não?!... Deixe de ser preguiçoso!... Você não deseja escrever, só quer companhia!... Ah, você já começou?!... Ótimo!... Continue escrevendo sobre o Natal de Mariangela sem a visita do anjinho Angelino. 


Após escrever sua história, divirta-se com o caça-palavras abaixo.




Sisi Marques



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A corujinha que não sabia ler


                
                Desenho de Ketlyn Mayla                



Era uma vez uma coruja... Ei, espere um momento... Corujas são inteligentes, não são? Sim, mas essa coruja não parecia muito esperta; pelos menos, não no início.
  
Juju era uma encantadora corujinha que não sabia ler. Isso era um problema, porque havia cartazes por todos os lados na floresta, e os animaizinhos consultavam Juju, para saber o que diziam aqueles cartazes, e ela mentia. Sim, ela mentia descaradamente. Bem, talvez não mentisse; apenas inventasse para não decepcionar os amigos. Afinal de contas, corujas são ou não são inteligentes?
  
Felizmente, ninguém se prejudicou com suas mentiras. E ela também, dependendo do lugar onde o cartaz havia sido colocado, tinha boa intuição para imaginar o que ele dizia. Mas e se um dia a sua intuição falhasse? E se um dia as suas mentiras levassem à perda de um animalzinho da floresta? Não, isso não poderia acontecer; porque, se acontecesse, ela jamais se perdoaria. Então, para evitar o pior, Juju resolveu aprender a ler. Mas como?... Assistindo às aulas da escola da cidade. Do lado de fora, é claro, mais precisamente, pousada no peitoril da janela. E as crianças, todos os dias, deliciavam-se ao ver a corujinha com os olhos colados nas explicações da lousa. Com o tempo, pararam de notá-la; mas Juju continuava ali, firme e interessada em aprender.
  
A corujinha provou ser muito inteligente. Fez mais do que aprender. Começou a lecionar e escreveu uma cartilha que apresentava primeiro as letras do alfabeto; depois, relacionava cada letra a um serzinho da floresta, para que todos pudessem memorizar as letras com mais facilidade.

 Quando digo seres da floresta, naturalmente, também estão incluídos os elfos, os gnomos, os duendes, as fadas e por que não a curiosa bruxa? Todos quiseram aprender. E aprenderam. Depois de juntar as letras para formar as palavras, começaram a juntar as palavras para formar as frases. Mas a corujinha, ao perceber que os dizeres pareciam mortos, acrescentou na cartilha um capítulo todinho sobre pontuação. Foi aí que tudo ganhou vida e começou a fazer sentido.

 Não demorou muito para que todos na floresta começassem a se sentir mais tranquilos e seguros, porque agora conseguiam ler os cartazes de avisos. E também, com o passar do tempo, sentiram-se até mais felizes, porque começaram a registrar, através da escrita, as ideias e histórias maravilhosas que lhes visitavam a imaginação.
  
E a corujinha Juju, além de se sentir aliviada por não precisar mais mentir, viu o seu esforço recompensado; mais do que isso, sentiu o coraçãozinho estremecer no peito ao receber um poema escrito, com todo o amor, pelo Dr. Corujão.


F  I  M


Sisi Marques




Após a leitura, divirta-se com o caça-palavras criado especialmente para esta história.



Sisi Marques

Que os seus sonhos se realizem!!!